sábado, 17 de julho de 2010

Como teria sido?

O elevador sempre demora quando preciso! Inicia-se então um conflito interno: descer as escadas será mais rápido, ou ao pisar no primeiro degrau, o elevador enfim chegará? Quase sempre opto pelas escadas, e a cada degrau vencido dos cinco lances até o térreo, repito a mesma pergunta em minha mente: Como teria sido se o elevador não demorasse?
Básicamente nada muda. Ainda não tive nenhuma mudança relevante em minha vida por conta dos minutos a mais descendo as escadas. Mas será mesmo? Estes minutos não poderiam muito bem terem sido responsáveis por milhões de desencontros, de oportunidades perdidas, ou mesmo de acidentes evitados e brigas que nunca ocorrerão? Talvez, se tivesse chegado dois minutinhos antes, pegaria aquele ônibus, e talvez, neste ônibus, no qual nunca cheguei a embarcar, estivesse a chave da porta de acesso a estrada que eu tanto busco encontrar. Ou será que aquele ônibus que eu perdi seria assaltado adiante, e graças ao elevador "de murphy", eu não estaria presente? Por outro lado, estar naquele assalto poderia ser exatamente o lugar certo para estar naquela hora, pois quem sabe a grande história da minha vida não teria início alí? Infinitas possibilidades... São tantas pequenas descisões, tantos "ses": "Ah, se eu não tivesse dito isto, se eu tivesse ido, se não tivesse duvidado, se confessasse a verdade ou omitisse um detalhe..." Se...?
Vez por outra me surpreendo pensando no passado, em decisões que há tempos tomei e que mudaram irreversivelmente o rumo das coisas. Situações em que me vi diante de inúmeras portas, tive que decidir entre elas, e constatemente me pergunto sobre o que havia por trás das outras. Por melhor que tenha sido o caminho que escolhi, abriria mão de tantas coisas só pra voltar atrás, escolher outra porta e experimentar o que teria sido, seja isto bom ou ruim. Como eu adoraria provar o suco de pera e logo em seguida dizer ao garçon: "Não... pode levar este, me traga um de maçã, por favor!", ou fazer as unhas "francesinha" e logo após o óleo secante informar a manicure que, pensando bem, eu gostaria que ela repintasse, desta vez de "dara com rebu". Confesso: Não sou boa com decisões! Na verdade, mais que isso. Como boa libriana, me sinto encurralada diante da escolha aparentemente mais banal. Sempre enxergo a sala cheia de portas e penso nas tantas que jamais saberei o que há por trás. Tudo acarretado por uma pequena escolha, ou um pequeno atrazo, um simples acaso ou apenas um elevador que insiste em me fazer refletir sobre todas as coisas que poderiam ter sido, mas que nunca serão. Que me faz esquecer que esta é a grande magia da vida: o desconhecido... os mares revoltos e profundos. Afinal, a vida, assim como o amor, quer ser interfirida, violada e modificada a cada instante. E a morte se dá, quando diante de seus labirintos, decidimos caminhar em linha reta.

7 comentários:

  1. hmm .. ótimo post.! compartilho com vc esse mar de "ses" .. tbm sou péssima com decisões pois não consigo parar de pensar no que teria sido .. no que isso iria mudar em vinha vida.
    tento pensar: vai .. segue faça sua escolha e não olhe pra trás .. mas é dificil.
    me identifiquei bastante com o texto e gostei do blog .. vou seguir tbm ^^

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  2. Obrigada, que bom que gostou! Espero que goste também dos próximos posts!

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  3. nossa, também sou assim... sempre tive esses pensamentos e curiosidades e a única explicação cabível para mim é o bendito destino ! mas é impossível não pensar como seria se nossas escolhas fossem diferentes. /fato

    http://www.cabanadamaejoana.blogspot.com/

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  4. Curti muito seu blog :D Parabéns
    Te sigo !

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  5. Muito interessante esse texto, e está muito bem escrito também. Adorei, parabéns!

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