O sol estava tão quente que me queimava os ombros e a face. Os morros, intermináveis, me tiravam o fôlego e a paciência. Eu não tinha certeza de que no fim a longa caminhada valeria a pena e, a cada passo, pensava em desistir. Por
vezes olhei a minha volta e me senti só, me senti pequena. Olhava pra trás, e não enxergava mais o ponto de partida, tão pouco avistava a linha de chegada logo adiante. Cenários desconhecidos, tive medo e quis voltar, mas hesitei. Não sabia se era mais fácil regressar, ou se enfim estava na reta final da longa caminhada. Na dúvida, prossegui, sem entender porque andava, sem saber quanto tempo ainda levaria.
Devaneios sob o sol do meio dia. Numa curva qualquer da estrada, me dei conta de que buscava mais do que um belo riacho para me banhar. Buscava provas: passo a passo provando-me que sou capaz, que posso ir muito mais longe depois de pensar que não poderia mais seguir
em frente. Foi quando eu menos esperava, que o riacho se fez visível, e com ele, toda a minha certeza de que uma caminhada eu havia conlcuído, mas a grande jornada, estava apenas começando. Afinal, faltam ainda tantos tropeços, longas gargalhadas histéricas, espectativas, decepções, vitórias, bolachas amanteigadas, lágrimas, madrugadas, abraços, sorrisos, dor, palcos, escolhas, reencontros e despedias. Falta
dominar o mundo... E sim, eu tenho forças pra continuar!